terça-feira, 15 de junho de 2010

Minha primeira vez


Eu era garoto na Copa de 1990. Tinha 8 anos. Já gostava de futebol e fiquei empolgado com aquele evento, uma novidade pra mim. Achava tudo o máximo, a começar pelos hinos antes dos jogos. Tinha um daqueles placares gigantes, com todos os jogos, grupos e confrontos, colado na porta do meu quarto. O placar era da Tigre. Sim, a empresa de tubos e conexões. Preenchia cada resultado com uma caneta especial. Era todo caprichoso com meu brinquedo. Assim que acabava um jogo, corria para ele. Queria eternizar a história. Via ali naquele pedaço de papel do tamanho de uma cartolina o principal elo entre o garoto de Goiânia com o maior evento do mundo que acontecia lá na Itália.

A eliminação da Seleção Brasileira nas oitavas me deixou triste. Fiquei emburrado. Diferente de todos os jogos anteriores, não queria registrar aquele Brasil 0 x 1 Argentina no meu tão querido Placar da Copa. Mas não teve jeito. O show tinha que continuar. Um ou dois dias depois de ver Caniggia marcar aquele gol lá estava eu acompanhando as quartas de final. E registrando tudo no meu querido Placar. A Copa do Mundo já havia me conquistado e quando Lothar Matthaus levantou a taça para a Alemanha percebi que a vida deveria ser vivida em ciclos de quatro anos.

TO BE CONTINUED

2 comentários:

  1. Também foi minha primeira Copa, muito embora eu não me lembre de tanta coisa assim. Mas lembro da abertura, com a derrota da Argentina para Camarões, lembro da eliminição do Brasil (que foi no dia do aniversário do meu padrinho, teve churrasco na casa dele e eu nem vi o gol do Caniggia. Quando acabou, achei que estava 0x0 ainda), lembro que o Goycoechea pegava tudo quanto era pênalti, e lembro da Alemanha campeã.

    Belíssimo texto. Para quem gosta de futebol com a intensidade que uns caras como nós gostamos, muitas das boas memórias afetivas da infância estão relacionadas ao esporte e às Copas. Ontem eu li uma crônica de um repórter do Hoje em Dia (jornal impresso de BH), falando da primeira Copa dele, em 1986, e ele se perguntava porque o Pelé não estava jogando, já que ele era o melhor do mundo (belíssimo texto, se eu achar na internet deixo um link aqui).

    Aguardarei a(s) continuação(ões).

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  2. Belo texto, Winckler. Lembrou-me a vinheta da ESPN com a narração do Bono Vox. Fantástica!

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