Shakespeare adoraria isso: a Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul, foi um "espetáculo de som e fúria". Uma história que até pode ter sido contada por um louco, mas de forma alguma fica sem significado: o campeonato será lembrado eternamente, se não pelo futebol vistoso, pelo vasto folclore que passou pela terra de Mandela e por outros confins desse globo terrestre. Convenhamos, o quesito futebol até que ficou um pouco a desejar. Mas que também fique claro: houve bons momentos de bola rolando, seja pela técnica apurada de craques em momentos de inspiração, seja pela força de vontade de superar tudo em nome da vitória..

Em primeiro lugar, vamos falar de quem conquistou o primeiro lugar. O título inédito espanhol é a coroa definitiva de uma geração que já havia vencido a EuroCopa em 2008 e queria se afastar de vez do estigma de não mostrar serviço na hora decisiva (e se a Espanha finalmente venceu a Copa do Mundo, agora ninguém deve duvidar que o Corinthians também pode vencer a Libertadores!). "La Roja", a vermelha, é a campeã com todos os méritos (apesar da menor média de gols entre os times campeões, apenas 8 tentos em 7 jogos), e o capitão Casillas, melhor goleiro do mundial, tem carta branca para beijar a Taça Fifa e a namorada jornalista. Mesmo vencendo o campeonato com a camisa azul, o segundo uniforme, na hora de erguer a taça os espanhóis fizeram questão de usar o traje tradicional, e já com a estrela de campeã. O apelido de Fúria já está em desuso na Espanha, e a nova identidade, focada na cor vermelha, está dando sorte até agora. Outro destaque espanhol é David Villa, que terminou na artilharia da Copa com 5 gols, empatado com outros três semifinalistas: o vice-campeão Sneijder (pela Holanda), o medalha de bronze Müller (Alemanha) e o representante do quarto colocado, Forlán..

Mesmo com quatro artilheiros, o troféu de Chuteira de Ouro tem dono: Müller, que fica com o troféu por causa do maior número de assistências (três). Aos 20 anos, o alemão faturou outro prêmio individual, o de revelação, o melhor Jogador Jovem da Copa. Forlán teve um "prêmio de consolação" ainda melhor: a Bola de Ouro. O uruguaio ficou com o título de melhor jogador do Mundial, confirmando o renascimento da Celeste Olímpica, após 40 anos de ausência entre os quatro melhores colocados..

Outra "figurinha" que se destacou foi o alemão nascido na Polônia, Miroslav Klose: com 4 gols, chegou a 14 em todas as Copas que disputou (2002, 2006 e 2010), e se igualou a Gerd Müller como maior artilheiro alemão em Mundiais. Poderia ter feito ainda mais, mas esteve fora de dois jogos: cumpriu suspensão pela terceira rodada da primeira fase, contra Gana (por ter sido expulso na derrota diante da Sérvia, no jogo anterior), e também não jogou a partida pelo terceiro lugar, contra o Uruguai. E que bom que não fez mais: o maior artilheiro de todas as Copas ainda é Ronaldo Nazário, o Fenômeno, com seus 15 gols marcados (em 1998, 2002 e 2006)..
Mais gente brilhou neste inverno sul-africano, como o atacante uruguaio Luiz Suárez e o goleiro hondurenho Noel Valladares (autores das melhores defesas desta Copa. Acho que vou colocar uma terceira nesta lista: o Casillas tirando, com a ponta do pé, o chute de Robben que poderia ter dado o título inédito para a Holanda. Robben terá pesadelos com este lance para o resto da vida!). O eslovaco Vittek fez dois gols na Itália, 4 em toda a Copa, e eu sou a favor de que ele ganhe uma estátua em tamanho real em alguma praça de Bratislava. Forlán fez uns três golaços, chutando de longe e até de voleio, na disputa de terceiro lugar. O holandês Von Bronckhorst também fez um belo gol na semifinal, Lampard fez um nas oitavas-de-final (pena que o juizão não validou!), Carlitos Tevez fez dois contra o México (um em impedimento, mas ou outro foi um golaço). Agora, na minha opinião, o gol mais bonito da Copa foi o do Luis Fabiano contra a Costa do Marfim: ele até pode ter usado o braço (duas vezes!), mas também chapelou dois antes de mandar para o fundo das redes. O Fabuloso ainda fez outro golaço, driblando o goleiro do Chile. Os técnicos Dunga (Brasil) e Maradona (Argentina), com suas caras, bocas e polêmicas, também foram personagens marcantes.
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Minha seleção da Copa: Casillas (Espanha); Lahm (Alemanha), Lúcio (Brasil, dando uma patriotada), Puyol (Espanha) e Sergio Ramos (Espanha); Iniesta (Espanha), Müller (Alemanha), Sneijder (Holanda) e Özil (Alemanha); Forlán (Uruguai) e David Villa (Espanha). O técnico seria o alemão Joachim Löw (aquele mesmo que foi flagrado por câmeras comendo meleca do nariz. Por duas vezes!). No meu banco de reservas poderiam estar o goleiro brasileiro Julio Cesar, o holandês Robben, sei lá. Mas o grande nome da Copa foi o do alemão Schweinsteiger: 14 letras! (Vá lá, a piada foi infame. Pior ainda fez o Galvão Bueno, que o chamou de Schwarzenegger em uma ocasião, durante a transmissão da semifinal contra a Espanha!).
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E AS FIGURAÇAS?
Como eu disse, essa foi a Copa mais folclórica de todas. Personagens ficaram famosos na África do Sul sem pisar em um gramado. A barulhenta vuvuzela, a polêmica bola Jabulani, o pé-frio do Rolling Stone Mick Jagger e a bela modelo paraguaia Larissa Riquelme são apenas alguns exemplos. Mas o campeão mesmo foi o polvo alemão, Paul, que acertou todos os palpites que fez nesta Copa. Esse Mundial vai deixar saudades. Sem problemas, daqui a quatro anos tem mais. Afinal, como diria o Vanucci, "o Brasil é logo ali" (E alguém na versão em português no site da Fifa tem o mesmo humor infame que eu: já vi essa chamada como título de matéria)! E viva Casillas, David Villa, Sergio Ramos, Iniesta...
EM TEMPO
Outra Copa do Mundo começou hoje: é o feminino sub-20, disputado na Alemanha. Novamente o Brasil estreou contra a Coreia do Norte, e, desta vez, com derrota: 1x0. É a vingança de Kim Jong-Il. E amanhã o Brasileirão volta de suas férias. Assim como uma tv comprada em 2006, a liderança do Corinthians tinha garantia até o final da Copa de 2010. Vamos ver se dura mais um pouco (a minha torcida é que dure, pelo menos, até a última rodada).

Eu, como todo bom Flamenguista, estou aqui esperando o campeonato acabar logo, o contrato do Correia acabar logo, se possível o ano acabar logo.
ResponderExcluirConcordo em quase tudo com sua seleção.
ResponderExcluirMelhor da copa: Schweinsteiger seguido de muito perto pelo Lúcio.
Confesso nao ter acompanhado tanto quanto queria, mas, na media do que vi, acho que o Tévez, ISOLADAMENTE, fez mais queo Forlán.
Méritos ao Özil, Iniesta, Villa e Sneijder.
Agora é Brasileirão 2010.
Ah Ulisses, sei lá: o Tevez não tinha que carregar o time nas costas (na Argentina, isso era trabalho pro Messi. E ele até que se esforçou bastante, mais que o Kaká, no Brasil). O Forlán tinha, e fez com o que o Uruguai fosse muito além do que se esperava. De quebra, o 10 da Celeste ainda fez uns golaços e figurou entre os artilheiros da Copa.
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