domingo, 9 de janeiro de 2011

Bem-vinda, Marina!

Bem-vinda, muito embora eu ache que não precisava ter tanta pressa. Calma, Marina, você está apenas começando por aqui. Ainda há muito tempo para você conhecer tudo que há neste imenso mundo, do qual agora você também faz parte. Seu pulmão ainda nem aguentaria inalar esse ar, mas você já mostra sua vontade de respirar a mistura de gases que forma a atmosfera. Calma, você terá oportunidade de fazer qualquer coisa que você quiser, mas no tempo certo.
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Apesar da pressa, você começou bem. Chegou ao mundo em grande estilo, chamando atenção, mobilizando as pessoas. Saiba que estávamos todos torcendo por você e sua mãe, e estamos todos felizes que, no fim das contas, tudo tenha dado certo (apesar da sua pressa em chegar nesse mundo). Em breve você vai começar a andar e a falar, e vai chamar mais atenção para cima dos seus passos. Mas eu não acho que você vá levar sua vida simplesmente atraindo holofotes, como não acho que essa seja sua motivação agora. A opinião desse seu tio aqui é a de que você está ansiosa e curiosa em conhecer o que há por aqui, o que te aguarda. A tendência é que essa curiosidade aumente quando você começar a falar e a andar. Acho que você vai querer começar é a correr, mas já te disse para não ter pressa.
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Um dia você vai descobrir que este mundo, que te deixou tão curiosa ao ponto de ter pressa em nascer, não é tão simples quanto você gostaria que fosse. Há coisas maravilhosas neste mundo, mas você também irá se deparar com situações desagradáveis. É que algumas das pessoas que passaram por este mundo antes de você, até mesmo antes de mim ou de seus avós e dos avós deles, dedicaram suas vidas a melhorar a realidade em que viviam. Outros não se preocuparam tanto assim com o mundo e com as pessoas que viriam depois, como você, e só tentaram tirar o máximo de proveito de cada situação. Algumas das ações das pessoas são frutos de suas escolhas, mas algumas ações acontecem sem o privilégio de poder escolher. Quando você tiver esse privilégio, faça escolhas que sejam o melhor não somente para você, mas também para as pessoas próximas a você, principalmente as que te querem bem. Mas se alguma coisa ruim acontecer, sem que você tenha podido escolher ou fazer muita coisa para evitar, também não se abata. Não ache que nunca haverá dificuldades no seu caminho: o que você precisa é saber como superá-las. E você vai saber, você terá habilidade para isso. Aliás, desde seus primeiros momentos de vida você já demonstra que tem habilidade para superar as expectativas.
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E não se preocupe com nada disso, pelo menos por enquanto. Aproveite a infância e a juventude, curta seus pais, sua irmã, seus primos, tios, avós... Toda sua família, que só quer o seu bem. Mesmo seu pai e sua mãe, no momento em que eles parecerem as pessoas mais chatas do universo, só estarão cumprindo com o papel deles, de zelar pela sua felicidade. Ouça seus pais, ainda que eles digam exatamente o oposto do que você esperaria escutar. Sua curiosidade e sua ansiedade em conhecer o mundo podem ser imensas, mas não tenha dúvidas: o amor deles por você é ainda maior.
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Do seu tio Thiago, que estará do seu lado sempre que você precisar.
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(Para minha sobrinha Marina, que nasceu no dia 7 de janeiro de 2011, de parto prematuro.)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Indignação seletiva

Corinthians vence o Cruzeiro por 1x0, com gol de Ronaldo em cobrança de pênalti, e temos mais um episódio de indignação coletiva e seletiva quando o centenário time do Parque São Jorge está envolvido. A acalorada revolta da opinião pública passou longe da anulação equivocada de dois gols legítimos do Ronaldo, contra o Guarani, para ficar em só um exemplo.
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Como se juiz só errasse a favor do Corinthians, nunca contra o Corinthians, nunca a favor de outro time. Como se todo e qualquer título conquistado pelo Corinthians tivesse sido comprado ou arranjado por esquemas mirabolantes e teorias da conspiração dignas de escritos de Ian Fleming ou Dan Brown.
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Fluminense só empata com o desesperado e quase rebaixado Goiás, jogando em casa. O Cruzeiro também teve seus tropeços. Tanto é que o Corinthians passou sete rodadas com aproveitamento de time rebaixado, e os rivais não tomaram distância. Agora todo mundo quer uma desculpa para encobrir a própria incompetência (nas sete rodadas seguidas em que foi incompetente, o Corinthians não culpou a ninguém, além de si mesmo). Com isso, o Corinthians é o líder do campeonato, faltando apenas três rodadas. Se for campeão, será por méritos próprios, e apesar das próprias deficiências. Será campeão, pela falta de competência dos rivais.
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E o mais importante: FOI pênalti no Ronaldo. Todo o resto é chororô. Sabe a história de chorar na cama, que é lugar quente? Fica a dica para grande parte da crônica esportiva e dos torcedores da enorme massa anti-corintiana espalhada pelo Brasil.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Na beira do caos, na beira do mal. Numa piração total*

Um ex-aluno da UFV (que não sou eu) pode ir audaciosamente onde nenhum outro brasileiro jamais foi: a conquista de uma medalha de ouro no futebol, em uma Olimpíada. Ney Franco, que até então comandava o Coritiba, foi convocado pela CBF para coordenar as seleções de base e será o responsável por dirigir a Seleção Sub-20 no Campeonato Sul-Americano em janeiro de 2011, no Peru — competição que classifica quatro equipes para o Mundial da categoria, também em 2011, na Colômbia, além do principal: dá duas vagas para as Olimpíadas de Londres, em 2012.

Caso o Brasil se classifique aos Jogos Olímpicos, o comando do time no torneio será do técnico da Seleção principal, Mano Menezes, que indicou Ney Franco para o time Sub-20, e deve tê-lo como auxiliar. Com 43 pontos em 23 jogos, o Coritiba de Ney Franco é líder da Série B. A boa campanha no Coxa deixou o ex-aluno de Educação Física da UFV cotado a assumir o Cruzeiro, antes mesmo da queda do ex-treinador Adílson Batista, hoje líder do Brasileirão com o Corinthians.

Pouco antes do intervalo das séries A e B para a Copa do Mundo, Ney Franco esteve em Governador Valadares e visitou a redação do Diário do Rio Doce. A visita dele à cidade era para promover uma banda de rock, da qual o técnico é empresário, mas Ney entrou na pauta de esportes do DRD, até por ter sido treinador do Ipatinga (clube que disputa a Série B e tem sede na cidade homônima, distante cerca de 100 quilômetros de Valadares, e portanto município da Região Metropolitana da Grande Governador Valadares). Quando esteve aqui, Ney disse que foi sondado pelo Cruzeiro, mas que não aceitaria o convite, porque sua intenção era trazer o Coritiba de volta à elite nacional. E parece que ele fica no clube, até o final do ano. Digo parece porque não há nada no site oficial ainda, e o comentário extra-oficial vem do Blog do Torcedor, no portal do Globo Esporte. Mas nunca se sabe: estabilidade na profissão não é privilégio para treinador de futebol. Que o diga Dorival Júnior, que dirigia o Santos de Neymar — ou o Neymar do Santos, sei lá.

Explicação de pouca relevância. Este blog, mais uma vez jogado às moscas, não vem sendo atualizado por seus integrantes já faz tempos. De minha parte, só quero dizer que ando mais ocupado do que gostaria, graças ao período eleitoral — essa época de insanidade coletiva e generalizada que, graças a Deus, está acabando.

* Referência à clássica canção do compositor Ney Franco, sucesso lançado pelo treinador quando ainda dirigia o Botafogo. Sobre a banda que ele acompanhou aqui em Valadares: Ney deu um cd de presente ao Diego Dunga, repórter esportivo aqui do DRD, e até hoje estou curioso para pedir emprestado e ouvir.

domingo, 29 de agosto de 2010

Corinthians, 100

* Por Mauro Beting

É na quarta-feira. Foi ontem. É hoje. Será sempre. O Corinthians não precisa de data para celebrar. Só precisa de Corinthians.
Pode parecer mesquinho para os outros, onanista, até. Mas isso é Corinthians para quem de fato importa – o corintiano. Basta existir.
O fiel não precisa de jogo, de estádio, de adversário, de futebol, de campeonato, de gol, de vitória, de título.

O corintiano só precisa do Corinthians para ser feliz.

Só precisa de outro corintiano para fazer festa. Ele se encontra pela rua e confraterniza como se visse um Luisinho, um Marcelinho, um Neco, um Neto, um Rivellino, um Sócrates, um Wladimir, um Cláudio, um Biro-Biro, um Zé Maria, um Basílio, um Gilmar, um Brandão, um ídolo. Um corintiano. Que não precisa ser craque, pode até ser bagre. Desde que saiba que a camisa não é um símbolo. É tudo. É Corinthians.

Não é um bando de loucos. É um corintiano. Definição precisa e perfeita. Completa e complexa. Mas simples como um torcedor que ama o time como ama a família. Se não torce de fato mais pelos 11 que jogam por todos que pelos entes queridos. Afinal, é tudo do ente. É tudo doente. É tudo Timão.

O Corinthians não é a vida de um corintiano.
Antes de ser gente ele é Corinthians.
Por isso tanta gente é Corinthians. Num Brasil imenso e injusto socialmente, o campeão dos campeões paulistas é dos maiores fatores de inclusão, justiça e igualdade no país.

Não por acaso é nação dentro deste continente. Tem regras complicadas, tem razões malucas, tem paixões regradas. Tem de tudo e tem para todos no Parque São Jorge. Na casa por usucampeão Pacaembu. No Morumbi tantas vezes palco das festas. No Maracanã campeão mundial em 2000. Nas tantas praças brasileiras que viraram casas corintianas em títulos e troféus. Até mesmo nas dores que não murcharam amores. Até mesmo nas vergonhas nos gramados e nos sem-vergonhas das tribunas e tribunais, o Corinthians sempre soube ganhar como raros, e até soube perder como poucos. Mesmo perdendo a cabeça e perdendo o juízo. Mas jamais perdendo o coração.
Doutor, eu não me engano, mesmo que meu coração seja o oposto do corintiano, não há nada que bata tanto e por tantos como esse que se diz maloqueiro e sofredor, graças a Deus!

Esse prazer de eventualmente sofrer é exclusividade alvinegra. Esse amor não se explica. É um presente. É um dom. É uma doação, mesmo quando mais parece uma danação. É sina que não se explica, que fascina até quem não é, até quem não gosta. Não sei explicar o Corinthians. Nem os corintianos conseguem.
Mas nada disso é preciso. O que importa é que sempre haverá no estádio e em cada canto um fiel. Um estado de espírito alvinegro. Um torcedor que acredita sem ter por que; que torce sem ter por quem; que joga sem ter com quem.

Listar os títulos corintianos não é fácil. Mais difícil é compreender um torcedor que até se orgulha dos fracassos. Até na segunda dos infernos. Em 2008, vi gente acreditando como sempre desde 1910. Vi fiel não abandonando. Não parando. Acreditando. Corintianando.
Fiel pode até ser rebaixado – mas não se rebaixa. Raros sabem perder e ganhar como nenhum outro jamais venceu.
Ainda mais raros (embora muitos) nasceram sabendo que quem ama não perde. Podem até ter times melhores. Mas mais amados?
Nestes 100 anos, não conheço igual.
Até porque quarta-feira não será um dia especial.
Desde 1º. de setembro de 1910, todos os dias são especiais.
Todos são dias de Corinthians.
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(* Mauro Beting é jornalista e cronista esportivo, dos bons, além de torcedor da Sociedade Esportiva Palmeiras. "Nunca antes na história deste blog" havia sido publicado um texto de autor que não fosse da equipe IDB. Essa exceção, ao menos para mim, é mais que justa. Ainda que seja com um palmeirense explicando o Corinthians melhor que qualquer corintiano jamais conseguirá)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eleições indefinidas em Minas Gerais

No plano federal, cada vez mais a candidatura de Dilma Rousseff (PT) caminha para ser a vitoriosa, possivelmente no primeiro turno (a não ser que apareça algum escândalo no meio do caminho. Seja ele real, ou inventado só para levar a eleição ao segundo turno). Em Minas Gerais, embora o senador Hélio Costa (PMDB) seja líder de todas as pesquisas eleitorais, o duelo com o atual governador Antonio Anastasia (PSDB) não está encerrado. Os últimos levantamentos mostram pequena queda do peemedebista, grande crescimento do tucano, e um número ainda elevado de eleitores indecisos (e é aí que os dois candidatos devem mirar).

Costa e Anastasia têm lá seus cabos eleitorais de peso: o presidente Lula (PT) e o ex-governador Aécio Neves (PSDB). Lula e Aécio são governantes bem avaliados pela grande maioria da população, e estão empenhados em eleger seus sucessores. Em uma comparação mais grosseira, Anastasia é “a Dilma do Aécio”. Mas, ao contrário de Dilma, o atual governador mineiro ainda é desconhecido de muitos eleitores. Meu palpite é que Anastasia ainda crescerá na preferência do eleitorado, e provavelmente continuará crescendo no segundo turno. Só não sei se a ponto de vencer. Outro trunfo do tucano é o apoio de prefeitos — a coordenação de campanha contabiliza um número superior a 600 prefeitos, dos 853 municípios do Estado.

No segundo turno (e, como já disse, acredito que a eleição irá para o segundo turno), pouco vai pesar o eventual apoio ou rejeição das forças derrotadas em 3 de outubro, já que nenhuma das demais candidaturas conseguiu se firmar como “terceira via”. Vai pesar mesmo é o empenho dos principais cabos eleitorais em questão: Lula, Dilma e Aécio (ele próprio candidato a Senador. Só uma tragédia com proporções bíblicas o impede de ficar com uma das duas vagas). Isso e, principalmente, o voto do eleitor em 3 de outubro. Provavelmente o vencedor terá pequena margem de vantagem sobre o adversário.

Na disputa pelo Senado, a segunda vaga será decidida de forma semelhante à disputa ao governo: ainda existem vários indecisos, e eles serão o fiel da balança entre o ex-presidente Itamar Franco (PPS), apoiado por Aécio, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), apoiado por Lula e Dilma. Por enquanto, a vantagem é de Itamar.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Serra e a Nova Schin

A campanha eleitoral do presidenciável do PSDB, José Serra, me parece a campanha de marketing lançada pela cervejaria Schincariol há alguns anos: a de pegar um produto com altíssima rejeição e mudar a imagem, radicalmente. Alguém se lembra do slogan "Experimenta! Experimenta!", usado para promover a Nova Schin? Pois Serra agora se apresenta como um produto reformulado: homem de origem humilde, chamado de "Zé" em seu jingle (que cita até mesmo, vejam só, Lula da Silva). A diferença entre o candidato e a cerveja (pelo menos na minha opinião) é que, ao contrário da bebida alcóolica, o candidato a presidente não tem nada de novo.

O José Serra de hoje é o mesmo José Serra de sempre, o mesmo que perdeu a eleição para Lula em 2002, do mesmo PSDB, aliado ao mesmo PLF (que agora, usando da mesma estratégia, se chama DEM. Mas é a mesma coisa, com a mesma turma). Serra quer mudar o rótulo e dizer ao eleitor: "Experimenta"! Mas o produto é o mesmo. Serra não quer se mostrar como oposição a Lula, mas é exatamente isso que ele é, e o vice dele, o Índio, mostra isso cada vez que abre a boca.

O tucano quer se apresentar não como "anti-Lula", mas como o "pós-Lula". Falácia. E das bravas! Serra, o PSDB e o PFL (ooops, os "Democratas") representam a retomada do projeto interrompido em 2003, o projeto privatizante, de sucateamento da máquina pública, de alinhamento e subserviência aos interesses políticos e econômicos contrários ao interesse nacional, e de redução do tamanho e da atuação do Estado Nacional. Serra e seus aliados representam a perseguição aos movimentos sociais e reivindicatórios - quem duvida pode perguntar aos professores da rede de ensino do Estado de São Paulo, os mesmos que a Polícia Militar de Serra reprimiu à base da cacetada.

O Serra de 2010 é o mesmo Serra de 2002. Representa hoje os mesmos interesses que representava há oito anos. Por mais que ele e o PFL queiram agora ser o "Zé" e os "Democratas", e dizer a todo mundo "Experimenta! Experimenta!", eu é que não vou querer me arriscar a provar aquele sabor amargo da antiga Schincariol.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Seleção Brasileira: a gente não vê por aqui

Viram o jogo do Brasil ontem? Viram o primeiro jogo da era Mano Menezes? Viram as estreias de Neymar e Paulo Henrique Ganso com a camisa amarela? Viram os gols de Neymar e Alexandre Pato, na vitória por 2x0 contra os Estados Unidos, jogando em Nova Jérsei? Eu não vi. Culpa única e exclusiva da Rede Globo de Televisão, que compra a exclusividade nos direitos de transmissão, e não exibe o jogo. Não exibe e não libera a transmissão para outros canais que tenham interesse em mostrar a partida, como a Bandeirantes ou a Record.

É um absurdo sem tamanho. Eu não me lembro de outra ocasião em que um jogo da Seleção, por mais insignificante que fosse, não tenha sido transmitido em tv aberta. E esse jogo, ainda que amistoso, tinha a importância de ser a primeira partida do novo técnico, após o fracasso na Copa do Mundo (e, portanto, início de preparação para próxima Copa. Que será disputada no Brasil), e havia também o “apelo comercial” das presenças de atletas queridinhos da opinião pública. O horário do jogo era 21h11, no horário de Brasília. Mas a “Vênus Platinada” não pode deixar de exibir o que é o carro-chefe de sua programação: a novela das oito, que começa por volta de nove horas da noite. Curioso é que a Globo é famosa por interferir nos horários das partidas de futebol — justamente para satisfazer suas próprias conveniências.

Alguém duvida que a família Marinho, se quisesse, teria alterado o horário da partida e a exibido? Seria revanche pelas atitudes do ex-técnico, o Dunga, que peitou a “toda poderosa” durante o Mundial, cortando privilégios que já aconteciam há uma eternidade? Deve ser — mas, francamente: isso importa muito pouco. Assim como, aparentemente, a Globo também se importa muito pouco com o interesse de sua audiência, e a força a engolir (com catchup?) o sotaque italiano-macarrônico da novela das oito. A vontade da opinião pública é que deveria pautar a programação, mas talvez a emissora ache que o povo tem mais interesse em novela que na Seleção, no Neymar, no Ganso e no Mano.

Quis retaliar a emissora, e proibí meu filho Gabriel de ver o Casseta & Planeta (que também já foi bem mais engraçado do que é hoje). Atitude quixotesca a minha, até parece que isso teria alguma influência no índice de audiência. Mas é revoltante essa situação de monopólio. Monopólio tamanho que a única emissora exibindo a partida de ontem foi a SporTV, canal a cabo do grupo GloboSat. A partida ainda foi transmitida pelo portal de internet da Globo (pasmem: com narração do Galvão Bueno e tudo o mais!). Como não pude ver, tive que me contentar em ouvir o duelo entre Brasil e ianques. Adivinhem só: a rádio que estava narrando o jogo era a ... (ganha um doce quem adivinhar)... Rádio Globo! E a foto que ilustra este post é da Agência Reuters — mas eu a achei no site do Globo Esporte. Ah, maldito monopólio!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CQC e o novo Estatuto do Torcedor

Kaká beija a Jabulani, Tom Cruise ganha uma camisa personalizada da Seleção Brasileira e Dilma Rousseff recebe uma cuia de chimarrão durante um comício em Porto Alegre. Esses três fatos, aparentemente sem qualquer relação um com o outro, têm duas coisas em comum: a primeira é que os três ganharam repercussão no noticiário nacional. A segunda: por trás deles estava um integrante do Custe o Que Custar (CQC), programa "jornalístico-humorístico" exibido pela tv Bandeirantes às noites de segunda-feira (com reprises aos sábados).

Os sete homens e uma mulher que se vestem com ternos pretos e óculos escuros, bem ao estilo do filme Homens de Preto, se especializaram em causar polêmica e em fazer humor, "custe o que custar". Já até apanharam por isso. Porrada mesmo, não é força de expressão. Já foram impedidos de entrar no Congresso e reclamaram de atentado à liberdade de expressão. E era mesmo. O programa está no ar há praticamente três anos, e tem grandes méritos, como levantar discussões, ao mesmo tempo em que faz rir, e repercutir temas que estão em voga na mídia (além de outros que não estão, mas poderiam ou deveriam estar). Só que o CQC também pode cometer o erro de exagerar. E exagerou mesmo, nas críticas feitas ao Estatuto do Torcedor. Isso aconteceu no programa exibido no dia 2 deste mês.

O novo Estatuto de Defesa do Torcedor foi sancionado pelo presidente Lula no final de julho. Entre os tópicos da nova lei estão a criação de juizados especiais em ginásios e estádios, a inibição ao trabalho de cambistas, além de outras medidas que, em tese, aumentariam o conforto e a segurança de torcedores. Tudo muito bacana, não fossem as dificuldades de aplicação da lei (inclusive no que se refere às punições, que estariam mais rigorosas) e alguns pontos polêmicos, como as proibições à venda de bebida alcóolica e aos cânticos ofensivos e que contenham palavrões. E aí veio a crítica do CQC, e aí vem minha crítica à critica do programa.

A lei busca avanços na qualidade dos estádios (se vai conseguir esses avanços, ou não, já é outro assunto), e o grande destaque da lei é a proibição aos palavrões? O tópico teve tanta ênfase, que por várias vezes ao longo daquele programa foi mencionado, sempre fazendo alguma gracinha - que, ao meu ver, era sempre depreciativa. Não que não caiba crítica, cabe sim. O próprio CQC exibiu um comentário do Juca Kfouri, que me pareceu bastante ponderado. O jornalista da ESPN disse que a lei era um texto que defendia "a energia elétrica e a água encanada, tamanha a obviedade" e, ainda segundo o Juca, vários pontos do Estatuto já são contemplados pelo Código de Defesa do Consumidor. Mas o jornalista reconhece que a lei não deixa de ser um avanço, desde que "pegue" (Só no Brasil, isso de lei "pegar ou não pegar"...).

O desdém da trupe de Marcelo Tas à nova lei soou forçado, principalmente para quem alega correr atrás do interesse público, custe o que custar. É do interesse público a rejeição a uma lei que quer melhorar o ambiente nos estádios?

Agora, vamos combinar uma coisa: proibir cerveja e palavrão? Ah, que merda! O filho da puta que sugeriu uma porra dessas tem mais é que tomar no cu! Mas que caralho...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Faltam dois meses para eleição

O dia 3 de outubro será a data em que os "190 milhões em ação" voltarão às urnas (número arredondado bem para cima, se formos levar em conta as abstenções, votos em branco, votos nulos...). Será o dia de votar para deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente da República. Eu já disse isso aqui: no calendário do brasileiro em 2010, as eleições começam com o fim da Copa.
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Ano que vem teremos um novo presidente, mas quem? Ainda é difícil dizer, já que a campanha começa pra valer mesmo é com o horário gratuito em rádio e tv - anote no seu calendário: dia 17 deste mês. Já começa meio tarde... Em outras eleições, a essa altura o pessoal já se divertia com os tipos estranhos e engraçados que apelam à bizarrice para conquistar votos, e se revoltava com certas "figurinhas repetidas" tentando permanecer mais quatro anos com o poder na mão.
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É tempo de pesquisa eleitoral, para dar uma noção de como as coisas andam. E aí é o ponto em que eu queria chegar (este deve ser o texto com mais enrolação que eu escrevo). Comentei, no post anterior, a discrepância da pesquisa Datafolha com a do Vox Populi. Pois bem, no final de semana saiu mais uma pesquisa, a do Ibope. O Vox Populi tinha dado vantagem da petista Dilma Rousseff sobre o tucano José Serra, 41% contra 33%, e logo em seguida o instituto do Grupo Folha fala em empate técnico, com ligeira vantagem tucana: 37% contra 36%. Se o Ibope vale como desempate, então é a petista na frente: segundo o instituto, Dilma subiu 3%, e foi para 39%, enquanto Serra caiu 2%, e chegou aos 34%.
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Minha humilde, modesta e singela opinião: ficou mal para o Datafolha.
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EM TEMPO: O Rolling Stone Mick Jagger, preocupado com o futuro de seu filho "meio brasileiro", Lucas (filho do roqueiro com a apresentadora Luciana Gimenez), prometeu se engajar na campanha presidencial. Depois de ouvir as declarações de Sylvester Stallone, que recentemente gravou um longa metragem no país, de que o brasileiro aplaude quando um gringo vem aqui explodir prédios, Jagger disse que apoiará a criação do Ministério da Segurança Pública, uma das bandeiras de José Serra. O Stone prometeu apoio integral à campanha tucana. Agora vai!

"I can get no satisfaction!"

sábado, 24 de julho de 2010

Obrigado por tudo, Mano!

Depois da recusa de Muricy Ramalho, a CBF convidou Mano Menezes para assumir o comando da Seleção Brasileira. Estou escrevendo esse texto pouco antes da entrevista coletiva em que Mano dirá se aceita o convite, ou o recusa (e atualizando o blog enquanto a entrevista está acontecendo, lá no Parque São Jorge). Como eu acho pouco provável que a CBF passe pelo desconforto de ter que correr atrás de um Plano C, parto do pressuposto que Mano Menezes, a exemplo do que fez Carlos Alberto Parreira no final de 2002, troque o Corinthians pela Seleção.
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Mano Menezes chegou ao Corinthians, meu time do coração, poucos dias depois de comandar o Grêmio na fatídica partida entre o tricolor gaúcho e o alvinegro paulistano, em 2 de dezembro de 2007. O empate em 1 a 1, no Olímpico, sacramentou o rebaixamento do Corinthians à série B do Brasileiro, no ano seguinte. De carrasco, Mano (que também era pretendido pelo Cruzeiro, àquela época) viraria herói. De lá para cá, o Corinthians voltou a ser o que nunca deveria ter deixado de ser: o time do povo, lutando por títulos - mas sabendo que terminar em primeiro lugar não é a única coisa que importa. E olha que os títulos vieram, de forma incontestável: o primeiro foi a série B em 2008, ano em que o Timão chegou à final da Copa do Brasil e, inacreditavelmente, foi superado pelo Sport. Méritos para os pernambucanos, mas a vida segue. E seguiu muito bem para o Corinthians.
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No ano seguinte, a consagração: campeão paulista de forma invicta. E, agora sim, o terceiro título da Copa do Brasil (quase invicto também, apenas uma derrota, para o Atlético Paranaense, em Curitiba. E mesmo esse resultado, no final das contas, deu bagagem moral para o time, que quase era goleado e fez dois gols nos minutos finais do jogo, permitindo jogar com tranquilidade a partida de volta, em casa). Com a vaga para a Libertadores do ano seguinte já garantida, o time se acomodou no Brasileirão. Pecado mortal: se jogasse como vinha jogando, o 2009 Fenomenal poderia ser o ano da tríplice coroa corintiana. Não deu, mas a vida segue.
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Mesmo a precoce eliminação na Libertadores, para o Flamengo, mostrou a força do Corinthians: primeiro lugar geral na fase de grupos, e a eliminação pelo critério dos gols fora de casa. No Brasileirão, liderança e invencibilidade até a nona rodada. É pouco para ser técnico da Seleção? Dunga tinha bem menos que isso, Dunga não tinha nada, e até que fez um bom trabalho, apesar da nervosa campanha na Copa do Mundo. Mano não será unanimidade na Seleção, mas deve ser respeitado. Se o trabalho já foi bom em um Corinthians deslocado de seu lugar habitual (a um time da série A, disputando a série B. Mas nunca um time de série B), imagine tendo à disposição a melhor matéria-prima do futebol mundial... Por essas, por outras, por todas e por tudo: muito obrigado, Mano Menezes! Sou mano do Mano!
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MUDANDO DE ASSUNTO
Vamos atualizar o calendário brasileiro: acabou a Copa do Mundo, começaram as eleições. Se tem eleição, tem pesquisa eleitoral. O que não costuma ter (ao menos, não que eu me lembre), é tamanha discrepância nas aferições de preferência do eleitorado brasileiro: ontem o Vox Populi deu a candidata governista Dilma Rousseff (PT) 8 pontos percentuais à frente do oposicionista José Serra (PSDB) - 41% contra 33% para a ex-ministra do governo Lula. Hoje pela manhã, para a minha surpresa, uma pesquisa do Datafolha diz coisas completamente diferentes: Serra ligeiramente à frente, com 37% contra 36% de Dilma, o que configura empate técnico. "A pesquisa [do Datafolha] foi realizada entre os dias 20 e 23, com 10.905 eleitores de 379 municípios em todos os estados, exceto Roraima", conforme eu acabei de ler no Portal Uai. Estranho... Será que é Roraima que decidirá a eleição? Como eu disse: estranho...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um quase bicampeão mundial

Seis jogadores nascidos no Brasil defenderam seleções estrangeiras na Copa do Mundo disputada na África do Sul: foram três no time de Portugal, um no Japão, um nos Estados Unidos, e um ainda saiu da África com uma medalha de bronze, conquistada pela Alemanha. Mas poderiam ter sido sete brasileiros, e o que ficou de fora teria pegado a baba do Casillas ao dar um beijinho na Taça da Fifa.
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Marcos Senna joga com a camisa vermelha da Fúria desde 2006, e esteve na Copa do Mundo da Alemanha, há quatro anos. Participou da Eurocopa de 2008, quando a Espanha conquistou seu segundo título e se cacifou a disputar a Copa de 2010 na condição de favorita (muito embora a fama antiga da Espanha seja a de perder sempre, por mais que jogasse com o favoritismo a favor. Isso deve mudar a partir de agora). Marcos Senna chegou a ser convocado para a lista de 30 jogadores do técnico Vicente Del Bosque. Como ele só poderia levar 23 para o mundial, sete ficaram de fora, e o brasileiro foi um dos cortados.
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Mas o jogador tem no currículo um título de Campeão Mundial em torneio da Fifa. O meiocampista era reserva do Corinthians, campeão do mundo em 2000. Se estivesse no elenco espanhol que foi à África do Sul, Marcos Senna teria sido o segundo brasileiro a vencer a Copa do Mundo com uma seleção estrangeira. O primeiro foi Anfilóquio Guarisi Marques, o Filó, que jogou pela Azzurra na Copa de 1934 e foi campeão com a Itália. À época era atleta da Lazio, mas antes e depois da passagem pelo Calcio Filó também jogou no Corinthians, onde foi campeão paulista (em seu último ano como atleta, Filó foi para o arquirrival Palestra Itália, e também lá foi campeão. Antes do Corinthians, passou pela Portuguesa e pelo extinto Paulistano, do lendário jogador Artur Friedenreich). Deco e Liédson, dois dos brasileiros que jogaram a Copa de 2010 por Portugal, também já defenderam o time do Parque São Jorge (Liédson brilhou na conquista do título paulista de 2003, e a Fiel o apelidou de Liédgol e Liédshow), mas tiveram menos sorte no Mundial - os lusos foram eliminados pela Espanha, nas oitavas-de-final.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Figurinhas, figuraças e a história contada na África

Shakespeare adoraria isso: a Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul, foi um "espetáculo de som e fúria". Uma história que até pode ter sido contada por um louco, mas de forma alguma fica sem significado: o campeonato será lembrado eternamente, se não pelo futebol vistoso, pelo vasto folclore que passou pela terra de Mandela e por outros confins desse globo terrestre. Convenhamos, o quesito futebol até que ficou um pouco a desejar. Mas que também fique claro: houve bons momentos de bola rolando, seja pela técnica apurada de craques em momentos de inspiração, seja pela força de vontade de superar tudo em nome da vitória.
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Em primeiro lugar, vamos falar de quem conquistou o primeiro lugar. O título inédito espanhol é a coroa definitiva de uma geração que já havia vencido a EuroCopa em 2008 e queria se afastar de vez do estigma de não mostrar serviço na hora decisiva (e se a Espanha finalmente venceu a Copa do Mundo, agora ninguém deve duvidar que o Corinthians também pode vencer a Libertadores!). "La Roja", a vermelha, é a campeã com todos os méritos (apesar da menor média de gols entre os times campeões, apenas 8 tentos em 7 jogos), e o capitão Casillas, melhor goleiro do mundial, tem carta branca para beijar a Taça Fifa e a namorada jornalista. Mesmo vencendo o campeonato com a camisa azul, o segundo uniforme, na hora de erguer a taça os espanhóis fizeram questão de usar o traje tradicional, e já com a estrela de campeã. O apelido de Fúria já está em desuso na Espanha, e a nova identidade, focada na cor vermelha, está dando sorte até agora. Outro destaque espanhol é David Villa, que terminou na artilharia da Copa com 5 gols, empatado com outros três semifinalistas: o vice-campeão Sneijder (pela Holanda), o medalha de bronze Müller (Alemanha) e o representante do quarto colocado, Forlán.
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Mesmo com quatro artilheiros, o troféu de Chuteira de Ouro tem dono: Müller, que fica com o troféu por causa do maior número de assistências (três). Aos 20 anos, o alemão faturou outro prêmio individual, o de revelação, o melhor Jogador Jovem da Copa. Forlán teve um "prêmio de consolação" ainda melhor: a Bola de Ouro. O uruguaio ficou com o título de melhor jogador do Mundial, confirmando o renascimento da Celeste Olímpica, após 40 anos de ausência entre os quatro melhores colocados.
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Outra "figurinha" que se destacou foi o alemão nascido na Polônia, Miroslav Klose: com 4 gols, chegou a 14 em todas as Copas que disputou (2002, 2006 e 2010), e se igualou a Gerd Müller como maior artilheiro alemão em Mundiais. Poderia ter feito ainda mais, mas esteve fora de dois jogos: cumpriu suspensão pela terceira rodada da primeira fase, contra Gana (por ter sido expulso na derrota diante da Sérvia, no jogo anterior), e também não jogou a partida pelo terceiro lugar, contra o Uruguai. E que bom que não fez mais: o maior artilheiro de todas as Copas ainda é Ronaldo Nazário, o Fenômeno, com seus 15 gols marcados (em 1998, 2002 e 2006).
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Mais gente brilhou neste inverno sul-africano, como o atacante uruguaio Luiz Suárez e o goleiro hondurenho Noel Valladares (autores das melhores defesas desta Copa. Acho que vou colocar uma terceira nesta lista: o Casillas tirando, com a ponta do pé, o chute de Robben que poderia ter dado o título inédito para a Holanda. Robben terá pesadelos com este lance para o resto da vida!). O eslovaco Vittek fez dois gols na Itália, 4 em toda a Copa, e eu sou a favor de que ele ganhe uma estátua em tamanho real em alguma praça de Bratislava. Forlán fez uns três golaços, chutando de longe e até de voleio, na disputa de terceiro lugar. O holandês Von Bronckhorst também fez um belo gol na semifinal, Lampard fez um nas oitavas-de-final (pena que o juizão não validou!), Carlitos Tevez fez dois contra o México (um em impedimento, mas ou outro foi um golaço). Agora, na minha opinião, o gol mais bonito da Copa foi o do Luis Fabiano contra a Costa do Marfim: ele até pode ter usado o braço (duas vezes!), mas também chapelou dois antes de mandar para o fundo das redes. O Fabuloso ainda fez outro golaço, driblando o goleiro do Chile. Os técnicos Dunga (Brasil) e Maradona (Argentina), com suas caras, bocas e polêmicas, também foram personagens marcantes.
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Minha seleção da Copa: Casillas (Espanha); Lahm (Alemanha), Lúcio (Brasil, dando uma patriotada), Puyol (Espanha) e Sergio Ramos (Espanha); Iniesta (Espanha), Müller (Alemanha), Sneijder (Holanda) e Özil (Alemanha); Forlán (Uruguai) e David Villa (Espanha). O técnico seria o alemão Joachim Löw (aquele mesmo que foi flagrado por câmeras comendo meleca do nariz. Por duas vezes!). No meu banco de reservas poderiam estar o goleiro brasileiro Julio Cesar, o holandês Robben, sei lá. Mas o grande nome da Copa foi o do alemão Schweinsteiger: 14 letras! (Vá lá, a piada foi infame. Pior ainda fez o Galvão Bueno, que o chamou de Schwarzenegger em uma ocasião, durante a transmissão da semifinal contra a Espanha!).
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E AS FIGURAÇAS?
Como eu disse, essa foi a Copa mais folclórica de todas. Personagens ficaram famosos na África do Sul sem pisar em um gramado. A barulhenta vuvuzela, a polêmica bola Jabulani, o pé-frio do Rolling Stone Mick Jagger e a bela modelo paraguaia Larissa Riquelme são apenas alguns exemplos. Mas o campeão mesmo foi o polvo alemão, Paul, que acertou todos os palpites que fez nesta Copa. Esse Mundial vai deixar saudades. Sem problemas, daqui a quatro anos tem mais. Afinal, como diria o Vanucci, "o Brasil é logo ali" (E alguém na versão em português no site da Fifa tem o mesmo humor infame que eu: já vi essa chamada como título de matéria)! E viva Casillas, David Villa, Sergio Ramos, Iniesta...
.Figuraças do Mundial da África...

EM TEMPO
Outra Copa do Mundo começou hoje: é o feminino sub-20, disputado na Alemanha. Novamente o Brasil estreou contra a Coreia do Norte, e, desta vez, com derrota: 1x0. É a vingança de Kim Jong-Il. E amanhã o Brasileirão volta de suas férias. Assim como uma tv comprada em 2006, a liderança do Corinthians tinha garantia até o final da Copa de 2010. Vamos ver se dura mais um pouco (a minha torcida é que dure, pelo menos, até a última rodada).

sábado, 10 de julho de 2010

Afinal: a final. Duelo de realezas

“Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
O mar é das gaivotas
Que nele sabem voar
O mar é das gaivotas
E de quem sabe navegar

Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
Brigam Espanha e Holanda
Porque não sabem que o mar
É de quem o sabe amar”

Leila Diniz (poema que virou música,
na voz de Milton Nascimento)

Para quem gosta de curiosidades, aí vai outra sobre a final da Copa do Mundo, amanhã, entre Holanda e Espanha. Todo mundo já sabe que uma das duas equipes entrará para o seleto grupo dos campeões do Mundo, atualmente com sete países. E seja qual for o oitavo elemento, será um país cujo Estado se organiza na forma de Monarquia Constitucional Parlamentarista. Será a Rainha Beatrix dos Países Baixos contra o Rei Juan Carlos da Espanha (se estivéssemos falando de futebol-arte, seria a Holanda de Vincent Van Gogh contra a Espanha de Pablo Picasso). A última vez que um país que adota tal regime foi campeão aconteceu em 1966, na Inglaterra, quando os donos da casa levantaram a Taça Jules Rimet. God save the Queen! Somente em outras duas ocasiões o campeão veio de uma Monarquia: em 1934 (jogando em casa) e em 1938 (Copa disputada na França), a campeã foi a Itália, que passou a ser uma República depois da Segunda Guerra Mundial (e hoje é chefiada pelo primeiro-ministro e Poderoso Chefão, il padrino Silvio Berlusconi). Outra realeza que já chegou à final, mas perdeu, foi a Suécia, superada em casa pelo Brasil, em 1958.
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Eu acho que a Holanda é favorita, mas vou torcer para a Espanha. A Fúria tem dois fatores supersticiosos a seu favor: o primeiro é ter sido a escolhida do polvo Paul, aquele lá da Alemanha que acertou todos os palpites até agora (e palpitou que a Alemanha bate o Uruguai na disputa de terceiro lugar). O outro é jogar com o uniforme reserva, azul, que deu sorte na final da EuroCopa de 1964, o primeiro título relevante dos espanhóis. Em 19 edições da Copa do Mundo, 10 times venceram o campeonato vestindo a cor na final (incluindo o Brasil, em 1958, também usando o segundo uniforme para conquistar o primeiro título). Apesar das decepções que foram em 2010 duas tradicionais seleções que vestem azul no uniforme e no apelido (os azzurri da Itália e le bleus da França), a cor ainda tem sua tradição de ser usada por vencedores (como os próprios italianos e franceses). Dos países que já venceram a Copa, apenas Alemanha e Inglaterra não têm a cor sequer nos uniformes reservas.
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Uma superstição a favor da Holanda, então: é a terceira vez que os laranjas chegam à final da Copa. Nas outras duas vezes, perderam para os donos da casa: a Alemanha em 1974 e a Argentina em 1978. Como a final desta Copa não é contra a África do Sul, não deixa de ser um alívio. Talvez os holandeses até se sintam em casa, já que o país participou da colonização sul-africana - o idioma africânder, da minoria de brancos no país, foi criado por descendentes de holandeses, que também criaram o apartheid (mas essa parte talvez seja melhor deixar para lá).
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Palpitando agora, e pela última vez neste Mundial: vou torcer para Uruguai e Espanha, mas acho que de nada vai adiantar minha torcida (mais pé-frio que eu, só o Mick Jagger). Por isso arrisco vitórias de Alemanha (3x2) na disputa do terceiro lugar, e Holanda (2x1) na grande final. Palpito contra a voz do Polvo, mesmo que isso já tenha falhado antes. Para a disputa da medalha de bronze, vale ressaltar que uruguaios estão muito mais motivados que os alemães: os platinos prometem jogar com a vida uma partida que pouco significa para os germânicos, abatidos com a segunda eliminação seguida em uma semifinal de Copa. Da última vez que o Uruguai chegou a uma semifinal, em 1970, terminou em quarto lugar, após perder a disputa do terceiro para a Alemanha. O jogo de hoje também é uma oportunidade para a revanche.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Um novo campeão (e, de fato: não dá para confiar na Alemanha)

Uma das piores coisas que uma pessoa pode fazer na vida é não seguir o próprio conselho. É mais ou menos a moral da história daquele velho ditado do "escreveu e não leu, o pau comeu". E eu caí nesse erro: depois da derrota alemã contra a Sérvia, ainda na segunda rodada da fase de grupos, eu afirmei aqui neste blog: "Não dá para confiar na Alemanha". Depois das goleadas germânicas sobre Inglaterra e Argentina, eu entrei em contradição e apostei: "Pintou a campeã". Aí sim, fui surpreendido novamente (pérola zagallistíca), já que a Alemanha jogou hoje, contra a Espanha, o mesmo que havia jogado contra a Sérvia: nada. O resultado também foi o mesmo, 1x0 (o gol de hoje vai para a conta do zagueiro Puyol, de cabeça, após escanteio). Pelo menos o Klose não fez mais nenhum gol - e tomara que também não faça sábado, na disputa de terceiro lugar, deixando em paz o recorde de Ronaldo, que com seus 15 gols é o maior artilheiro de todas as Copas.
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Domingo o mundo conhecerá um novo campeão. Será a primeira final da Espanha, que era favorita como nunca, mas ainda não encantou ninguém nesta Copa. A campanha espanhola é magra, a única vitória por mais de um gol de diferença foi contra Honduras, e a equipe de David Villa (um dos artilheiros do certame, com 5 gols) já foi até mesmo derrotada neste Mundial, ainda na primeira rodada, contra a Suíça. Hoje o time foi superior à Alemanha desde o início da partida, embora o placar tenha sido o mínimo. O tal polvo vidente lá da Alemanha, já famoso no mundo inteiro, é bom mesmo de palpite (está bem melhor que eu): acertou todos os resultados dos comandados de Joachim Löw, incluindo as derrotas.
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Do outro lado do campo do Soccer City, no domingo, estará a Holanda, vice-campeã em 74 e 78. Esta edição da Laranja Mecânica não mostra o mesmo brilho, mas é eficiente: chega à final com 100% de aproveitamento, invicta há 25 jogos, e com o outro artilheiro da Copa: Sneijder tem os mesmos 5 gols de Villa (eu falei que aquela lambança entre o Felipe Melo e o Julio Cesar não havia sido gol contra). Também não é este bicho-papão todo, e já levou gol nos acréscimos em duas oportunidades neste mata-mata, contra a Eslováquia e contra o Uruguai. A Holanda só não foi vazada depois dos 45 do segundo tempo contra o Brasil (e nas outras duas vezes eu estava acertando o palpite, não fossem os vacilos de última hora. Os holandeses já me devem duas tevês de LED, que eu poderia ganhar no Bolão Sportv!). Reforço de última hora: quem já gostou da paraguaia Larissa Riquelme prometendo ficar pelada se o Paraguai fosse às semifinais (e tirando a roupa, mesmo com a derrota), vai adorar saber que a atriz pornô holandesa Bobbi Eden prometeu fazer sexo oral em todos os seus compatriotas que a seguem via twitter, caso a Laranja finalmente fique com o título.
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E o Uruguai? Eu bem que torci para a Celeste ontem, que foi guerreira até o fim. Mas o time de Forlán, Lugano e "El Loco" Abreu foi mais longe do que deveria. Antes do torneio, eu nem achava que eles passariam da primeira fase (para ver como eu estou bom de palpite). Depois que passaram por Gana, a raça e força-de-vontade uruguaias ganharam minha torcida (mostrando que, ao contrário do que diz o comercial da Brahma, o Brasil não é o time mais guerreiro da Copa), mas eu já achava que os celestes já tinham feito demais. Mesmo antes da derrota para a Holanda ontem, por 3x2, eu já dizia que o Uruguai é favorito para ficar em quarto lugar. Só acredito na vitória uruguaia se o polvo vidente apostar em outra derrota alemã.


A mocinha aí é a atriz pornô holandesa Bobbi Eden, que não só prometeu sexo oral para seus fãs no twitter em caso de título da Laranja Mecânica, como prometeu levar umas amiguinhas no pacote.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O herói improvável


O uruguaio Luiz Suárez entrou para a história: deve ser o primeiro caso de jogador de futebol que vira herói nacional por cometer um pênalti no último minuto de jogo. Suárez impediu o gol de Gana, que também não aconteceu na cobrança da infração: Gyan estourou a bola no travessão, como todo mundo já deve saber a essa altura do campeonato (Se você não sabe ainda, há uma Copa do Mundo sendo disputada na África do Sul). O goleiro Muslera salvou duas cobranças, o Uruguai volta a uma semifinal de Copa depois de 40 anos, e para por aí. Confesso que estou torcendo para a Celeste Olímpica se classificar à grande decisão, mas acho improvável. Se bem que virar herói ao cometer um pênalti no último minuto de jogo é improvável, e aconteceu. Mas meu palpite para hoje é Holanda 3x1 Uruguai.
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Do outro lado, Alemanha e Espanha revivem amanhã a final da Eurocopa 2008, quando os espanhóis faturaram o título e se credenciaram a disputar o Mundial na condição de favoritos. Eles também devem parar por aqui, depois da imensa dificuldade em vencer o Paraguai pelo placar mínimo de 1x0, e com direito a pênaltis perdidos dos dois lados (para alegria dos marmanjos de plantão: mesmo com a derrota guarani, a modelo paraguaia Larissa Riquelme, que havia prometido ficar nua se sua seleção vencesse, disse que vai tirar a roupa e posar pelada do mesmo jeito!). O espanhol David Villa é o artilheiro da Copa, com 5 gols, e o polaco-alemão Miroslav Klose está bem perto, com 4 (e 14 em todas as Copas, apenas 1 gol atrás de Ronaldo Fenômeno, o recordista). A Alemanha já fez e aconteceu neste Mundial e, para mim, é franca favorita a ficar com a taça (mas, por favor seu Klose, para de fazer gol!!!). Palpite: Alemanha 2x1 Espanha.

domingo, 4 de julho de 2010

36 anos depois...




A Alemanha já se vingou nesta Copa de um grande erro cometido contra ela em um outro Mundial. Mas a mesma Alemanha pode ter de pagar o pato por ter sido a vilã em uma outra injustiça histórica.

O gol do inglês Lampard nas oitavas de final, aquele que não alterou o placar mesmo ultrapassando a linha do gol, foi a revanche ideal que os alemães esperaram por 44 anos. Não há cidadão da terra do chucrute que não reclame daquela contestada decisão da Copa de 1966. A Inglaterra foi campeã em cima da Alemanha com um tento de Geoff Hurst em que a bola não entrou no gol. Enfim... essa história a gente já conhece e a Alemanha está vingada.

E quem é que pode se vingar em cima da Alemanha também nesta Copa? O chaveamento final do Mundial está prestes a recolocar dois países que fizeram a decisão de 1974 frente a frente. Alemanha e Holanda. Uma final que entrou para a história por ter impedido que o futebol total e revolucionário jogado pela Laranja Mecânica fosse premiado com o título. O time de Rinus Michels, que chegou à final jogando o melhor futebol daquela Copa, era o favorito, mas aí apareceu a estraga-prazeres Alemanha - que também tinha um bom time, diga-se.

36 anos depois os papéis estão invertidos. A Alemanha joga o fino nos campos da África do Sul. Chegou à semifinal depois de encher de gols as sacolas de Inglaterra e Argentina. Tudo isso dando uma aula de contra-ataque e de jogo coletivo. Algo tão impressionante para o futebol destes dias como o feito pela Holanda em 1974.

A atual versão da Laranja Mecânica não encanta como a de Cruyff & cia. Mas tem jogadores fantásticos que não podem ser menosprezados como Robben e Sneijder. A Alemanha de 1974, de um tal Beckenbauer, era figurante. Mas na final daquela Copa o Carrossel Holandês, então protagonista, foi surpreendido.

A vingança laranja pode estar à caminho. Uruguai e Espanha não gostariam de vê-la acontecer e vão tentar dar um fim às coincidências.

É esperar pra ver.

A culpa é dela!


Não estou falando da Jabulani. Também já defendi Dunga e até mesmo o Felipe Melo. O Mick Jagger está sendo superestimado, já que torceu pelo Brasil contra o Chile e a Seleção Canarinho venceu os comandados do Loco Bielsa. Depois de 12 anos, novamente o Brasil perdeu a Copa por culpa dela: Suzana Werner, a linha de frente do exército de louras-atrizes-modelos-namoradas-de-jogadores-de-futebol.
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Para quem não se lembra, em 1998, na Copa da França, ela era namorada de Ronaldo Nazário, o Fenômeno, o melhor jogador do Mundo naquele momento. E do dia da final da Copa, contra os donos da casa, o craque tem uma convulsão. Uma convulsão! Ele já teve problema com os dois joelhos, já foi visto bebendo e fumando, atualmente tem dificuldades para emagrecer, mas quando alguém teve outra notícia dele ter algo sequer parecido a uma convulsão?
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Há alguns anos, porém Suzana está casada com Julio Cesar, goleiro da Inter de Milão e da Seleção Brasileira. Ganhou tudo com seu clube na temporada passada, e, para muitos, é hoje melhor goleiro do mundo. No fatídico jogo de sexta, podem falar o que quiserem, mas Julio falhou no primeiro gol dos holandeses. Saiu todo atabalhoado na bola, muito estranho para quem é o melhor do Mundo no que faz.
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Outra coisa meio "zica" na derrota para a Holanda: pelo menos nas Copas (e até em amistosos) recentes, o Brasil NUNCA tinha entrado em campo usando o agasalho por cima do uniforme. Contra a Holanda entrou, e deu no que deu. Talvez a Suzana também não seja tão culpada assim, tadinha...

Alguém lembra de uma provocação já feita ao nosso goleiro? "Ô Julio Cesar, seu via*****, sua mulher já deu o c* pro Ronaldinho!" Um ex-atacante do Cruzeiro, Alex Alves, também já ouviu essa por namorar uma ex-ronaldinha

sábado, 3 de julho de 2010

Pintou a campeã


Terceira vitória em que os alemães marcam 4 gols. Esqueçam a história de futebol pragmático, mecânico, de resultados ou o que for. A goleada sobre a Argentina hoje deixou claro que os germânicos jogam para ganhar e encantam. Técnica e eficiência equilibradas na medida certa. Lição que deve ficar para muita gente, se a Alemanha for campeã. E tomara que seja, mas que o Klose pare de fazer gols: com os dois de hoje, está a apenas um de se igualar a Ronaldo, o maior artilheiro da história das Copas.
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Para quem vislumbrava a semifinal "Copa América", e pregou a decadência europeia e a supremacia sul-americana, também fica a lição: nos dois duelos entre as equipes dos continentes, deu Europa (escrevo antes do jogo entre Paraguai e Espanha. A lógica é dar Espanha. Se os guaranis ganharem, será a maior zebra desta Copa já repleta delas). Alguém seria capaz de apostar que o Uruguai seria a maior esperança do continente neste Mundial? E, de quebra, ninguém vai ter de ver o Maradona pelado!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fudeu!

"Caiu o castelo de areia", como disse o Fernando Vanucci, quatro anos atrás. Brasil perde para a Holanda por 2x1, de virada, está fora da Copa e, como de costume, todo mundo agora vai querer eleger o(s) vilão(ões). Dois candidatos surgem como favoritos: o treinador Dunga, e o meio-campista criado à sua imagem e semelhança, Felipe Melo. E hoje é dia de Sneijder, Van Persie, Kuyt, Robben... Tentamos espremer a laranja, mas ficamos no bagaço (sim, repeti o trocadilho). Se a Laranja é Mecânica, fomos nós que enferrujamos no segundo tempo, depois de chegar ao intervalo vencendo por 1x0. Para frustração de todo mundo que esperava um feriado na terça-feira, quando o Brasil disputaria (e a Holanda disputará) a semifinal.
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Aos vilões, então. Primeiro o Dunga. O treinador peitou imprensa, cortou privilégios da Globo e muita gente o aplaudiu por isso. Mas Dunga também tem fama de turrão e teimoso (sina de treinador da Seleção). Resistiu às pressões para convocar os santistas Neymar e Ganso e o outrora melhor do mundo, Ronaldinho Gaúcho. Não tenho dúvidas que será malhado como Judas, com razão ou sem razão, principalmente porque será o momento perfeito para o contra-ataque da mídia (Globo). Dunga foi chamado para dirigir o Brasil após o fracasso de 2006, quando todos os treinos da Seleção estavam lotados de torcedores, tinha jogador fora de forma e buscando prêmios individuais, o escambau.
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A missão de Dunga era acabar com tudo isso, e foi o que ele fez: fechou o grupo (até demais), cultivou o espírito de equipe. Em 2002, Felipão também teve atrito com imprensa e torcida, resistiu às pressões para levar Romário, e voltou com a taça. Esse trunfo Dunga não terá, mas teve uma passagem relativamente vitoriosa pela Seleção, com os títulos da Copa América e da Copa das Confederações. Grandes coisas, muitos vão dizer, já que não venceu o principal: a Copa. Não venceu porque o time ficou nervoso (não só hoje!), as estrelas do time não renderam o esperado (não só hoje!).
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Talvez Dunga seja o menos culpado, talvez ele precisasse de mais qualidade no meio-campo. Mas não, não foram as ausências de Neymar e Paulo Henrique Ganso que fizeram o Brasil ser eliminado. E que também não venham dizer que perdeu porque o time era muito fechado à torcida e à imprensa, que a concentração parecia esquema de guerra. Não me venham dizer isso, nem tudo mais que venha a se opor às "explicações científicas" para o fracasso na Copa da Alemanha. Mas vai sobrar para o Dunga, disso eu não tenho dúvidas. Se ele já guarda mágoas da "Era Dunga" desde que perdemos aquele jogo para a Argentina, nas oitavas-de-final da Copa de 1990, vai guardar mais ainda, com outro linchamento midiático.
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E o Felipe Melo? Que o volante seria responsabilizado por um eventual fracasso na Copa, estava escrito desde a primeira convocação dele para a Seleção. Estava estampado que, caso o Brasil não fosse hexacampeão na África do Sul, a Era Dunga seria retomada na forma de Era Felipe Melo, 20 anos depois do fracasso na Copa da Itália. E a atuação dele hoje serve de prato cheio para os críticos: um gol contra e uma expulsão! E agora eu vou brincar de advogado do diabo: se o Brasil ganha o Felipe Melo é o raçudo (como o Dunga foi, redimido em 1994. Redimido, mas não perdoou as críticas de quato anos antes), como perdeu ele que é o destemperado. Nesta Copa, até o Kaká foi destemperado! Justo ele, que tem fama de bom moço! O nervosismo tomou conta deste time desde a estreia até a fatídica partida final. E o gol contra, apesar de ter sido anotado para ele (pelo menos na transmissão ao vivo, com informações da Fifa), pra mim é injustiça: a bola raspou na cabeça dele, não alterou a trajetória da bola, o Julio Cesar saiu mal e o gol foi do holandês Sneijder (que ainda marcaria o segundo gol da Laranja Mecânica).
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Será que daqui a quatro anos, no Brasil, ele também vai dar a volta por cima como capitão da equipe campeã? Nem tanto... Não acho que ele seja todo esse vilão, mas também não vou sentir falta dele no time. Mas se acontecer, que ele não faça como sua inspiração e levante o troféu xingando os "traíras" e "filhos da puta" da vida. Agora que a Copa terminou para o Brasil, minha aposta de título fica para o vencedor da partida de amanhã, entre Alemanha e Argentina. E, por via das dúvidas, que o Mick Jagger não invente de acompanhar o Mundial do Brasil, em 2014...

O sonho do hexa foi interrompido por mais quatro anos.