segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CQC e o novo Estatuto do Torcedor

Kaká beija a Jabulani, Tom Cruise ganha uma camisa personalizada da Seleção Brasileira e Dilma Rousseff recebe uma cuia de chimarrão durante um comício em Porto Alegre. Esses três fatos, aparentemente sem qualquer relação um com o outro, têm duas coisas em comum: a primeira é que os três ganharam repercussão no noticiário nacional. A segunda: por trás deles estava um integrante do Custe o Que Custar (CQC), programa "jornalístico-humorístico" exibido pela tv Bandeirantes às noites de segunda-feira (com reprises aos sábados).

Os sete homens e uma mulher que se vestem com ternos pretos e óculos escuros, bem ao estilo do filme Homens de Preto, se especializaram em causar polêmica e em fazer humor, "custe o que custar". Já até apanharam por isso. Porrada mesmo, não é força de expressão. Já foram impedidos de entrar no Congresso e reclamaram de atentado à liberdade de expressão. E era mesmo. O programa está no ar há praticamente três anos, e tem grandes méritos, como levantar discussões, ao mesmo tempo em que faz rir, e repercutir temas que estão em voga na mídia (além de outros que não estão, mas poderiam ou deveriam estar). Só que o CQC também pode cometer o erro de exagerar. E exagerou mesmo, nas críticas feitas ao Estatuto do Torcedor. Isso aconteceu no programa exibido no dia 2 deste mês.

O novo Estatuto de Defesa do Torcedor foi sancionado pelo presidente Lula no final de julho. Entre os tópicos da nova lei estão a criação de juizados especiais em ginásios e estádios, a inibição ao trabalho de cambistas, além de outras medidas que, em tese, aumentariam o conforto e a segurança de torcedores. Tudo muito bacana, não fossem as dificuldades de aplicação da lei (inclusive no que se refere às punições, que estariam mais rigorosas) e alguns pontos polêmicos, como as proibições à venda de bebida alcóolica e aos cânticos ofensivos e que contenham palavrões. E aí veio a crítica do CQC, e aí vem minha crítica à critica do programa.

A lei busca avanços na qualidade dos estádios (se vai conseguir esses avanços, ou não, já é outro assunto), e o grande destaque da lei é a proibição aos palavrões? O tópico teve tanta ênfase, que por várias vezes ao longo daquele programa foi mencionado, sempre fazendo alguma gracinha - que, ao meu ver, era sempre depreciativa. Não que não caiba crítica, cabe sim. O próprio CQC exibiu um comentário do Juca Kfouri, que me pareceu bastante ponderado. O jornalista da ESPN disse que a lei era um texto que defendia "a energia elétrica e a água encanada, tamanha a obviedade" e, ainda segundo o Juca, vários pontos do Estatuto já são contemplados pelo Código de Defesa do Consumidor. Mas o jornalista reconhece que a lei não deixa de ser um avanço, desde que "pegue" (Só no Brasil, isso de lei "pegar ou não pegar"...).

O desdém da trupe de Marcelo Tas à nova lei soou forçado, principalmente para quem alega correr atrás do interesse público, custe o que custar. É do interesse público a rejeição a uma lei que quer melhorar o ambiente nos estádios?

Agora, vamos combinar uma coisa: proibir cerveja e palavrão? Ah, que merda! O filho da puta que sugeriu uma porra dessas tem mais é que tomar no cu! Mas que caralho...

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