Eu era garoto na Copa de 1990. Tinha 8 anos. Já gostava de futebol e fiquei empolgado com aquele evento, uma novidade pra mim. Achava tudo o máximo, a começar pelos hinos antes dos jogos. Tinha um daqueles placares gigantes, com todos os jogos, grupos e confrontos, colado na porta do meu quarto. O placar era da Tigre. Sim, a empresa de tubos e conexões. Preenchia cada resultado com uma caneta especial. Era todo caprichoso com meu brinquedo. Assim que acabava um jogo, corria para ele. Queria eternizar a história. Via ali naquele pedaço de papel do tamanho de uma cartolina o principal elo entre o garoto de Goiânia com o maior evento do mundo que acontecia lá na Itália.
A eliminação da Seleção Brasileira nas oitavas me deixou triste. Fiquei emburrado. Diferente de todos os jogos anteriores, não queria registrar aquele Brasil 0 x 1 Argentina no meu tão querido Placar da Copa. Mas não teve jeito. O show tinha que continuar. Um ou dois dias depois de ver Caniggia marcar aquele gol lá estava eu acompanhando as quartas de final. E registrando tudo no meu querido Placar. A Copa do Mundo já havia me conquistado e quando Lothar Matthaus levantou a taça para a Alemanha percebi que a vida deveria ser vivida em ciclos de quatro anos.
TO BE CONTINUED
Também foi minha primeira Copa, muito embora eu não me lembre de tanta coisa assim. Mas lembro da abertura, com a derrota da Argentina para Camarões, lembro da eliminição do Brasil (que foi no dia do aniversário do meu padrinho, teve churrasco na casa dele e eu nem vi o gol do Caniggia. Quando acabou, achei que estava 0x0 ainda), lembro que o Goycoechea pegava tudo quanto era pênalti, e lembro da Alemanha campeã.
ResponderExcluirBelíssimo texto. Para quem gosta de futebol com a intensidade que uns caras como nós gostamos, muitas das boas memórias afetivas da infância estão relacionadas ao esporte e às Copas. Ontem eu li uma crônica de um repórter do Hoje em Dia (jornal impresso de BH), falando da primeira Copa dele, em 1986, e ele se perguntava porque o Pelé não estava jogando, já que ele era o melhor do mundo (belíssimo texto, se eu achar na internet deixo um link aqui).
Aguardarei a(s) continuação(ões).
Belo texto, Winckler. Lembrou-me a vinheta da ESPN com a narração do Bono Vox. Fantástica!
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