sábado, 10 de julho de 2010

Afinal: a final. Duelo de realezas

“Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
O mar é das gaivotas
Que nele sabem voar
O mar é das gaivotas
E de quem sabe navegar

Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
Brigam Espanha e Holanda
Porque não sabem que o mar
É de quem o sabe amar”

Leila Diniz (poema que virou música,
na voz de Milton Nascimento)

Para quem gosta de curiosidades, aí vai outra sobre a final da Copa do Mundo, amanhã, entre Holanda e Espanha. Todo mundo já sabe que uma das duas equipes entrará para o seleto grupo dos campeões do Mundo, atualmente com sete países. E seja qual for o oitavo elemento, será um país cujo Estado se organiza na forma de Monarquia Constitucional Parlamentarista. Será a Rainha Beatrix dos Países Baixos contra o Rei Juan Carlos da Espanha (se estivéssemos falando de futebol-arte, seria a Holanda de Vincent Van Gogh contra a Espanha de Pablo Picasso). A última vez que um país que adota tal regime foi campeão aconteceu em 1966, na Inglaterra, quando os donos da casa levantaram a Taça Jules Rimet. God save the Queen! Somente em outras duas ocasiões o campeão veio de uma Monarquia: em 1934 (jogando em casa) e em 1938 (Copa disputada na França), a campeã foi a Itália, que passou a ser uma República depois da Segunda Guerra Mundial (e hoje é chefiada pelo primeiro-ministro e Poderoso Chefão, il padrino Silvio Berlusconi). Outra realeza que já chegou à final, mas perdeu, foi a Suécia, superada em casa pelo Brasil, em 1958.
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Eu acho que a Holanda é favorita, mas vou torcer para a Espanha. A Fúria tem dois fatores supersticiosos a seu favor: o primeiro é ter sido a escolhida do polvo Paul, aquele lá da Alemanha que acertou todos os palpites até agora (e palpitou que a Alemanha bate o Uruguai na disputa de terceiro lugar). O outro é jogar com o uniforme reserva, azul, que deu sorte na final da EuroCopa de 1964, o primeiro título relevante dos espanhóis. Em 19 edições da Copa do Mundo, 10 times venceram o campeonato vestindo a cor na final (incluindo o Brasil, em 1958, também usando o segundo uniforme para conquistar o primeiro título). Apesar das decepções que foram em 2010 duas tradicionais seleções que vestem azul no uniforme e no apelido (os azzurri da Itália e le bleus da França), a cor ainda tem sua tradição de ser usada por vencedores (como os próprios italianos e franceses). Dos países que já venceram a Copa, apenas Alemanha e Inglaterra não têm a cor sequer nos uniformes reservas.
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Uma superstição a favor da Holanda, então: é a terceira vez que os laranjas chegam à final da Copa. Nas outras duas vezes, perderam para os donos da casa: a Alemanha em 1974 e a Argentina em 1978. Como a final desta Copa não é contra a África do Sul, não deixa de ser um alívio. Talvez os holandeses até se sintam em casa, já que o país participou da colonização sul-africana - o idioma africânder, da minoria de brancos no país, foi criado por descendentes de holandeses, que também criaram o apartheid (mas essa parte talvez seja melhor deixar para lá).
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Palpitando agora, e pela última vez neste Mundial: vou torcer para Uruguai e Espanha, mas acho que de nada vai adiantar minha torcida (mais pé-frio que eu, só o Mick Jagger). Por isso arrisco vitórias de Alemanha (3x2) na disputa do terceiro lugar, e Holanda (2x1) na grande final. Palpito contra a voz do Polvo, mesmo que isso já tenha falhado antes. Para a disputa da medalha de bronze, vale ressaltar que uruguaios estão muito mais motivados que os alemães: os platinos prometem jogar com a vida uma partida que pouco significa para os germânicos, abatidos com a segunda eliminação seguida em uma semifinal de Copa. Da última vez que o Uruguai chegou a uma semifinal, em 1970, terminou em quarto lugar, após perder a disputa do terceiro para a Alemanha. O jogo de hoje também é uma oportunidade para a revanche.

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